documentário - [ 18/01 ]
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Clementina, cadê você?
Maíra Fernandes
Werinton Kermes, que dirige documentário sobre Clementina de Jesus, procura material referente à cantora.
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Era final dos anos 70 quando o jornalista e documentarista Werinton Kermes, acompanhado de um amigo, enfrentou uma sexta-feira chuvosa em Sorocaba, e foi até o Clube União Recreativo para assistir a um show que acabou não acontecendo. No Palco, a negra que arrebatou grandes nomes da então moderna música brasileira, como João Bosco, Milton Nascimento e Caetano Veloso, dividia o palco com alguns músicos, mas a platéia não existia. Clementina de Jesus, ou Quelé, descoberta pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho aos 63 anos, desceu do palco - depois de cancelado o show por falta de público - e com a humildade de quem havia passado a maior parte da vida servindo (trabalhou como empregada doméstica), juntou-se a Kermes e ao amigo, e entre uma prosa e outra, serviu-os com um bocadinho de música. Foi o que bastou para que a figura da artista não saísse mais do imaginário do jornalista, que sempre quis realizar um trabalho para contar a vida de Clementina às gerações vindouras e também para trabalhar a auto-estima da comunidade negra, através da história de vida marcante da mulher que, segundo diziam os críticos da época, trazia à cultura brasileira a referência africana, com a voz que aprendeu a cantar com a mãe, filha de escravos.
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Produção
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Com projeto iniciado em 2003 e ainda sem nenhum apoio financeiro de empresas ou instituições interessadas, Kermes assumiu a direção, com roteiro da pesquisadora Míriam Cris Carlos (sua esposa) e produção da jornalista Luciana Lopez, para a confecção do documentário, provisoriamente intitulado: Clementina, cadê você?, que deve ser finalizado no primeiro semestre deste ano.
Com roteiro e argumento acabados no final de 2008, o documentário, que terá 50 minutos e está em fase de produção, será composto por depoimentos de amigos e pessoas que conviveram com a cantora e pesquisadores de música brasileira e cultura afro-brasileira. Leci Brandão e Martinho da Vila já concederam a entrevista e ainda faltam algumas personalidades a serem entrevistadas. Na primeira semana de fevereiro, a equipe de filmagem irá até o município de Valença (RJ), onde Clementina nasceu, para se aprofundar um pouco mais nas histórias da cantora. Como explicou Kermes, a relação da cidade com ele é bastante forte.
Era final dos anos 70 quando o jornalista e documentarista Werinton Kermes, acompanhado de um amigo, enfrentou uma sexta-feira chuvosa em Sorocaba, e foi até o Clube União Recreativo para assistir a um show que acabou não acontecendo. No Palco, a negra que arrebatou grandes nomes da então moderna música brasileira, como João Bosco, Milton Nascimento e Caetano Veloso, dividia o palco com alguns músicos, mas a platéia não existia. Clementina de Jesus, ou Quelé, descoberta pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho aos 63 anos, desceu do palco - depois de cancelado o show por falta de público - e com a humildade de quem havia passado a maior parte da vida servindo (trabalhou como empregada doméstica), juntou-se a Kermes e ao amigo, e entre uma prosa e outra, serviu-os com um bocadinho de música. Foi o que bastou para que a figura da artista não saísse mais do imaginário do jornalista, que sempre quis realizar um trabalho para contar a vida de Clementina às gerações vindouras e também para trabalhar a auto-estima da comunidade negra, através da história de vida marcante da mulher que, segundo diziam os críticos da época, trazia à cultura brasileira a referência africana, com a voz que aprendeu a cantar com a mãe, filha de escravos.
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Produção
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Com projeto iniciado em 2003 e ainda sem nenhum apoio financeiro de empresas ou instituições interessadas, Kermes assumiu a direção, com roteiro da pesquisadora Míriam Cris Carlos (sua esposa) e produção da jornalista Luciana Lopez, para a confecção do documentário, provisoriamente intitulado: Clementina, cadê você?, que deve ser finalizado no primeiro semestre deste ano.
Com roteiro e argumento acabados no final de 2008, o documentário, que terá 50 minutos e está em fase de produção, será composto por depoimentos de amigos e pessoas que conviveram com a cantora e pesquisadores de música brasileira e cultura afro-brasileira. Leci Brandão e Martinho da Vila já concederam a entrevista e ainda faltam algumas personalidades a serem entrevistadas. Na primeira semana de fevereiro, a equipe de filmagem irá até o município de Valença (RJ), onde Clementina nasceu, para se aprofundar um pouco mais nas histórias da cantora. Como explicou Kermes, a relação da cidade com ele é bastante forte.
Entre as dificuldades enfrentadas para a produção do vídeo, estão a pouca informação biográfica sobre a artista, e a falta de material audiovisual. Apenas dois livros contam a trajetória de Clementina, e um deles já está com a edição esgotada. Encontramos um pesquisador - Heron Coelho - que compilou textos sobre ela, e é o que está nos norteando, falou o jornalista.
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Afro-estima
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Mais um artista negro com história de ascensão através da arte? Sim. Kermes, que é diretor do documentário João do Vale - Muita Gente Desconhece, que conta a vida e obra do cantor e compositor maranhense, João do Vale, diz que a intenção é chamar a atenção da própria comunidade negra, com exemplos de outros negros. Além, claro, do registro para a memória. Mas para que o documentário - que já conseguiu espaço de veiculação no Canal Brasil através de contatos com o ator sorocabano e amigo pessoal de Kermes, Paulo Betti - seja o mais fiel possível à trajetória de Clementina, a equipe de produção do documentário pede a quem teve convívio com Clementina ou possui materiais como fotografias, filmes ou qualquer outro material referente à cantora e queira contribuir entre em contato pelo email: docclementinadejesus//clementinacadevoce.blogspot.com/
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Quem é Quelé?
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Afro-estima
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Mais um artista negro com história de ascensão através da arte? Sim. Kermes, que é diretor do documentário João do Vale - Muita Gente Desconhece, que conta a vida e obra do cantor e compositor maranhense, João do Vale, diz que a intenção é chamar a atenção da própria comunidade negra, com exemplos de outros negros. Além, claro, do registro para a memória. Mas para que o documentário - que já conseguiu espaço de veiculação no Canal Brasil através de contatos com o ator sorocabano e amigo pessoal de Kermes, Paulo Betti - seja o mais fiel possível à trajetória de Clementina, a equipe de produção do documentário pede a quem teve convívio com Clementina ou possui materiais como fotografias, filmes ou qualquer outro material referente à cantora e queira contribuir entre em contato pelo email: docclementinadejesus//clementinacadevoce.blogspot.com/
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Quem é Quelé?
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Nascida em Marquês de Valença (RJ) em 7 de fevereiro de 1901, Clementina de Jesus da Silva também era conhecida como Tina ou Quelé. Mudou para capital ainda jovem e, morando no bairro Osvaldo Cruz, viu nascer e crescer a escola de samba Portela, e ainda muito jovem já freqüentava as rodas de samba. Em 1940, após o casamento mudou para a Mangueira.
Nascida em Marquês de Valença (RJ) em 7 de fevereiro de 1901, Clementina de Jesus da Silva também era conhecida como Tina ou Quelé. Mudou para capital ainda jovem e, morando no bairro Osvaldo Cruz, viu nascer e crescer a escola de samba Portela, e ainda muito jovem já freqüentava as rodas de samba. Em 1940, após o casamento mudou para a Mangueira.
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Clementina trabalhou como empregada doméstica por mais de 20 anos, até ser descoberta pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho, em 1963. Começou participando do show Rosa de Ouro, e culminou sendo considerada rainha do partido alto, devido seu timbre de voz inconfundível. Tanto que foi homenageada por Elton Medeiros com Clementina, Cadê Você? e foi cantada por Clara Nunes com o P.C.J, Partido Clementina de Jesus, em 1977, de autoria do compositor da Portela Candeia.
Clementina trabalhou como empregada doméstica por mais de 20 anos, até ser descoberta pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho, em 1963. Começou participando do show Rosa de Ouro, e culminou sendo considerada rainha do partido alto, devido seu timbre de voz inconfundível. Tanto que foi homenageada por Elton Medeiros com Clementina, Cadê Você? e foi cantada por Clara Nunes com o P.C.J, Partido Clementina de Jesus, em 1977, de autoria do compositor da Portela Candeia.
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Em 1968, registrou o histórico LP Gente da Antiga ao lado de Pixinguinha e João da Baiana. Gravou cinco discos solo e fez diversas participações, em discos de outros artistas. Faleceu em 19 de julho de 1987.
Em 1968, registrou o histórico LP Gente da Antiga ao lado de Pixinguinha e João da Baiana. Gravou cinco discos solo e fez diversas participações, em discos de outros artistas. Faleceu em 19 de julho de 1987.
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Notícia publicada na edição de 18/01/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno B - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h. http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=42&id=153709.
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