domingo, 1 de março de 2020

Documentário sobre Clementina de Jesus, a rainha do canto negro no Brasil, disponível online gratuitamente


Documentário sobre Clementina de Jesus, a rainha do canto negro no Brasil, disponível online gratuitamente

4 de fevereiro de 2020 Produzindo Cultura Cinema, Clementina de Jesus, Documentário, Portela, Rainha Quelé, Samba


Vencedor de 23 prêmios, o documentário Clementina de Jesus – Rainha Quelé, foi disponibilizado na íntegra.

O filme que recebeu diversos prêmios em importantes festivais do país, foi dirigido por Wertinon Kermes e roteirizado por Miriam Cris Carlos, narra a história de Clementina de Jesus, negra, pobre e empregada doméstica, que passou a cantar aos 60 anos, tendo participações com Pixinguinha, Paulinho da Viola e João Bosco.

No documentário de 56 minutos, a trajetória de Clementina, é lembrada por personalidades como Leci Brandão, Cristina Buarque de Holanda, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Grupo Fundo de Quintal. O documentário foi disponibilizado com o intuito de semear a cultura e a memória, a partir da ideia de que “é um direito do cidadão brasileiro de conhecer a figura e a voz única de Clementina de Jesus.”

Clementina ou Quelé, como era chamada pelos amigos, era neta de escravos, nasceu em Valença, no estado do Rio de Janeiro, e mudou-se aos 10 anos para o Rio de Janeiro, onde acompanhou o surgimento da Escola de Samba Portela, que a influenciou para o resto de sua vida.

Tendo trabalhado durante 20 anos como empregada doméstica e durante toda a vida como dona de casa, foi descoberta pelo pesquisador Hermínio Bello de Carvalho, quando começou a sua carreira aos 62, cantando em bares no Rio de Janeiro. Gravou 11 discos e chegou a ser representante do Brasil no Festival de Cannes, em 1966. A cantora faleceu em 1987.

Para assistir ao documentário completo clique aqui.


Ao longa carreira gravou 11 discos

link https://vimeo.com/301702668.



Clementina de Jesus - Rainha Quelé from Werinton Kermes on Vimeo.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Clementina de Jesus – Rainha Quelé [Exclusivo] [Álbum]

por bossanovafoda
https://bossanovafoda.music.blog/2017/11/20/clementina-de-jesus-rainha-quele-exclusivo-album/


Sambista fluminense, dona de uma voz inconfundível, potente e ancestral, Clementina de Jesus foi a síntese do Brasil, expressão de um país de forte herança africana e de singular formação religiosa. Conhecida como Rainha Quelé, carregava consigo os banzos de seus ancestrais, transformados em cantos, encantos e segredos nos jongos, no partido-alto e nas curimbas que cantava. Diferentemente das conhecidas e famosas “divas do rádio” que brilharam na primeira metade do século XX, a cantora negra tinha um timbre de voz grave, mas com grande extensão e um repertório de músicas afro-brasileiras tradicionais.
Nascida na cidade de Valença (RJ), região do Vale do Paraíba, tradicional reduto de jongueiros, Clementina era filha da parteira Amélia de Jesus dos Santos e de Paulo Batista dos Santos, capoeira e violeiro da região. Uma de suas avós chamava-se Teresa Mina. A pequena Clementina viveu a infância na cidade natal, ouvindo sua mãe cantar enquanto lavava as roupas a beira do rio. Assim foi guardando na memória tesouros que mais tarde gravaria em discos. Aos sete anos veio com a família para a cidade do Rio de Janeiro, bairro de Oswaldo Cruz, onde mais tarde surgiria a tradicional Escola de Samba Portela. Lá frequentou em regime semi-interno o Orfanato Santo Antonio e “Cresceu assim num misticismo estranho: vendo a mãe rezar em jejê nagô e cantar num dialeto provavelmente iorubano, e ao mesmo tempo apegada a crença católica.” (Hermínio Bello de Carvalho).
Até os quinze anos, Clementina participou do grupo de Folia de Reis de seu João Cartolinha, renomado mestre da região. Foi João quem levou a moça para o Bloco As Moreninhas das Campinas, embrião da Escola de Samba Portela, onde ocorriam de rodas de samba e onde Clementina conheceu grandes bambas como Paulo da Portela, Claudionor e Ismael Silva. Nesse tempo, a voz de Clementina já chamava a atenção e ela foi convidada por Heitor dos Prazeres para ensaiar suas pastoras, o que fez durante muitos anos. Casou-se com Albino Pé Grande e foi morar no Morro da Mangueira, de onde não saiu mais. Ao longo destes anos Clementina trabalhou como lavadeira e empregada doméstica. Sua atividade de cantora ela exercia sem intenção de fazer-se profissional, cantava porque preciso era cantar, por prazer, por alegria.
A carreira profissional de Clementina de Jesus como cantora começou aos 63 anos, depois que o produtor e compositor Herminio Bello de Carvalho a encontrou na festa da Penha em 1963, quando ela cantava na Taberna da Glória. Hermínio ficou fascinado pela sambista e quando a reencontrou, na inauguração do restaurante Zicartola, passou a ensaia-la em sua casa, preparando-a para o espetáculo Rosa de Ouro, show que a consagraria. Participavam do show, além de Clementina de Jesus e da cantora Aracy Côrtes, diversos sambistas das Escolas de Samba cariocas, entre os quais os ainda desconhecidos Paulinho da Viola e Elton Medeiros. A crítica foi unânime em exaltar Clementina e seu desempenho, tanto no show quanto nos dois LPs gravados ao vivo, as primeiras gravações da cantora. Nos anos seguintes Clementina participou dos discos Mudando de conversa, Fala Mangueira! e Gente da antiga, este último um disco antológico da música brasileira, ao lado de João da Baiana e Pixinguinha. No continente africano, participou do encontro das artes negras de Dakar em 1966, ao lado de outros bambas como Martinho da Vila e artistas como Rubem Valentin. Clementina foi o maior sucesso do festival e grande destaque. Ao final do show da cantora as pessoas invadiam o palco para abraçá-la, contou Sérgio Cabral. Também no mesmo ano ela representou a música brasileira no festival de cinema de Cannes, na França.
Naquele mesmo ano de 1966, Clementina gravou seu primeiro disco solo, intitulado Clementina de Jesus, com repertório de jongo, curima, sambas e partido-alto. A capacidade de Clementina de transmitir poderosa emoção através do canto chamou a atenção dos críticos, que, de novo, renderam-se aos encantos de sua voz. Também Milton Nascimento, fascinado pelo banzo de Clementina, convidou a cantora para participar de seu disco chamado Milagre dos Peixes gravando a excepcional faixa Escravos de Jó.
Ao todo a cantora gravou 13 LPs entre álbuns solos e participações em álbuns coletivos, com destaque para o disco O Canto dos Escravos, composto de vissungos de escravos da região de Diamantina, recolhidos por Aires da Mata Machado. Unanimidade entre a crítica, Clementina foi louvada como elo entre África e Brasil, tendo sido reverenciada por grandes nomes da música brasileira, como Elis Regina, João Nogueira, Clara Nunes, Caetano Veloso, Maria Bethânia e João Bosco. Todos a tratavam com muito carinho, inclusive alguns a chamavam carinhosamente de mãe Clementina. O sambista Candeia compôs um samba em homenagem à Rainha Quelé chamado “Partido Clementina de Jesus”, que a cantora gravou ao lado de Clara Nunes em 1977 no LP “As Forças da Natureza”.
Em 1983 houve uma grande homenagem à cantora no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com participação de grandes sambistas como Paulinho da Viola, Beth Carvalho e João Nogueira. Clementina faleceu vítima de derrame em Inhaúma, Rio de Janeiro, no ano de 1987, aos oitenta e seis anos.
Fontes e Referências
Foto: Madalena Schwartz / Instituto Moreira Salles

Bibliografia:
Coelho, Heron (org) Rainha Quelé – Clementina de Jesus. Rio de Janeiro: Secretaria de Cultura de Valença, 2001.

Internet:
http://www.dicionariompb.com.br/clementina-de-jesus/biografi
Filmes:
Clementina de Jesus – Rainha Quelé. Direção: Werinton Kermes. Brasil, 2012, 56’. Documentário.


Loja: iTunes Store
Lançamento: 03 de jan de 2011
Qualidade: iTunes Match AAC M4A
Gênero(s): Samba, brasileira
Tamanho: 98 MB


quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Juliana Ribeiro recebe 30 artistas para espetáculo em homenagem à Clementina de Jesus

A TARDE / UOL
Chico Castro Jr.

Historiadora por formação, Juliana se encantou com a trajetória de Quelé

30 anos depois de ter deixado este mundo, Clementina de Jesus ainda impressiona quem ouve sua voz, seus sambas e cânticos ancestrais. Sexta-feira, a cantora Juliana Ribeiro presta seu tributo anual à Rainha Quelé e sua força agregadora, com mais de 30 artistas no Teatro Vila Velha.
Este é o quarto ano que ela realiza este espetáculo – viabilizado desta vez por meio do edital Arte Todo Dia (Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador).
No palco, Juliana e banda receberão mais trinta artistas, reunindo músicos, poetas e transformistas, todos unidos na admiração e influência (direta ou indireta) de Clementina: Clécia Queiroz, Edil Pacheco, Gal do Beco, Grupo Barlavento, Lazzo Matumbi, Márcia Short, Pali Trombone, Rita Braz, Maviael Melo, Juracy Tavares, Ferah Sushine e Rainha Lou Lou são apenas alguns que estarão no TVV nesta sexta-feira, dia 17.
O mais legal é saber que toda essa movimentação surgiu a partir de um documentário e um desafio: "Em 2012, Chico Assis (então coordenador do Cine-Teatro Solar Boa Vista) chamou alguns artistas para assistir ao documentário Clementina de Jesus: Rainha Quelé (2011, de Werinton Kermes)", conta Juliana.
"O filme é muito tocante e quando acabou, Chico nos provocou para que fizéssemos alguma coisa pela memória dela, que tem uma importancia extrema na cultura brasileira. Então eu também chamei outros artistas para participar de um tributo", conta.
E assim, em julho daquele mesmo ano, Juliana realizou seu primeiro espetáculo em homenagem à cantora carioca. "Resolvemos fazer todo ano nessa data. Foram 40 artistas. Quase fico louca pra coordenar todo mundo, mas é que Clementina tinha esse espirito de coletividade, era uma agregadora natural. Não a toa, João Bosco, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e muitos outros, todo mundo era fã dela", relata Juliana.
Para organizar esse baba, a cantora dividiu os participantes em grupos: "Quando eu vi que 40 pessoas tinham topado meu chamamento, comecei a junta-los em duos, trios, quartetos e quintetos para cantar uma música. Isso rendeu muitos encontros inusitados, de pessoas que nunca cantaram juntas – e cantando Clementina, dando um valor simbólico ainda maior ao evento", afirma.
Outro valor que será agregado ao evento é que ele será gravado em vídeo e disponibilizado – uma música por vídeo – na Biblioteca Digital Gregório de Mattos.
"Uma das contrapartidas deste edital é a produção da memória digital. Todo o show será gravado em formato de cápsulas musicais. Cada número vai ser gravado e editado em um clipezinho para o site da Fundação", conta.

Memória da diáspora
Nascida em 1901, morta em 1987, Clementina de Jesus surgiu no cenário da música popular brasileira pelas mãos do poeta e produtor Hermínio Bello de Carvalho.
"A avó dela era escrava liberta e a criou no Quilombo de Carambita, em Valença, no Rio de Janeiro. A mãe era empregada doméstica, saía para trabalhar e a deixava com a avó. Esta ia lavar roupa no rio e lá ela cantava na frente da neta", conta Juliana.
Mais crescida, Clementina se muda para a capital fluminense para trabalhar, ela mesma, em casas de família como doméstica. Na memória, levava os cantos afrobrasileiros que aprendeu com a avó.
No Rio, cantava todos os anos na festa da Igreja da Nossa Senhora da Penha. Numa dessas, Hermínio Bello ouviu a voz, ao mesmo tempo áspera e terna, de Clementina e ficou estatelado. Voltou para casa, mas continuou com aquela voz na cabeça, insistente.
"Somente na festa da Penha do ano seguinte Hermínio conseguiu encontra-la. 'Olha, estou encantado com sua voz, queria que a senhora viesse gravar comigo'. Ela achou estranho, até porque já tinha 62 anos", conta.
"Hermínio a recebeu em casa com flores e a levou para a indústria do entretenimento, com o espetáculo Rosas de Ouro. Acompanhando Quelé, ninguém menos que Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Nélson Sargento, meninos de 20 e pouco anos. Clementina é a memória, a diáspora encarnada. Ela fazia esse elo na voz, sem precisar de discurso. Ela transcende tudo isso", conclui Juliana.

| Serviço |
Tributo a Clementina Ano IV
Com Juliana Ribeiro e vários artistas
Quando: Sexta-feira, 19 horas
Onde: Teatro Vila Velha
Ingresso: R$ 20 e R$ 10


http://atarde.uol.com.br/cultura/musica/noticias/1911834-juliana-ribeiro-recebe-30-artistas-para-espetaculo-em-homenagem-a-clementina-de-jesus

domingo, 12 de novembro de 2017

Juliana Ribeiro faz homenagem a Clementina de Jesus e reúne 30 artistas no Vila Velha

http://www.jornaldamidia.com.br/2017/10/31/juliana-ribeiro-faz-homenagem-clementina-de-jesus-e-reune-30-artistas-no-vila-velha/#.WgjTSlWnEdU

Juliana Ribeiro: evento no Teatro Vila Velha marca os 30 anos de morte da Rainha Quelé, cuja música trouxe o legado de um canto ancestral que se perpetuou. (Foto: Foto Dôra Almeida/Divulgação)


A  noite do dia 17 de novembro (sexta-feira) será de emoção e reverência a uma artista carioca que teve seu talento reconhecido apenas aos 63 anos, mas cuja contribuição musical fez dela uma das mais relevantes cantoras brasileiras. Prova do legado único do canto ancestral de Clementina de Jesus é a sua força agregadora para, 30 anos após sua morte, reunir 30 artistas no palco do Teatro Vila Velha, em show multicultural de celebração à inesquecível obra e personalidade da cativante Rainha Quelé.

Projeto contemplado no Edital Arte todo Dia da Fundação Gregório de Mattos – Prefeitura de Salvador, o “Tributo a Clementina de Jesus – Ano IV” começa às 19h com a exibição do documentário “Clementina de Jesus – Rainha Quelé”, que tem direção de Werinton Kermes e roteiro de Míriam Cris Carlos, tendo sido premiado na categoria Melhor Filme de Longa Metragem no Festival Internacional de Cinema de Arquivo REcine em 2011.

Em seguida, chega a hora de o palco ser tomado por ritmos como jongos, curimãs, partidos, sambas e batuques, que tanto marcam o repertório da Rainha Ginga – como também era chamada. “São 30 anos da passagem de Clementina e por isso eu quis realizar um evento com a força da coletividade para um tributo a uma obra que vai além do tempo”, explica a cantora, compositora e historiadora Juliana Ribeiro, que assina a direção artística da noite e também esteve à frente dos outros três eventos de tributo a Clementina em anos passados. O Grupo Botequim mais uma vez participa como banda base.

Se a noite já seria grandiosa por reviver a ternura e talento da velha rainha sorridente, que causou fascínio com seus cânticos de escravos interpretados com o peso ancestral da sua voz, os convidados que lá estarão para cantar com emoção e gratidão a obra de Clementina prometem fazer jus à ocasião, e eles não são poucos.

Juntos e em clima de festa, participarão Aloísio Menezes, Carlos Barros, Claudia Costa, Clécia Queiroz, Edil Pacheco, Gal do Beco, Grupo Barlavento, Grupo Tapuia, Lazzo Matumbi, Lia Chaves, Luciano Bahia, Márcia Short, Marilia Sodré, Mazzo Guimarães, Pali do Trombone e Pedro Morais. Completam o time Portela Açúcar, Rita Braz, Sueli Sodré e Verciah. E como a proposta é de uma noite multicultural, ainda haverá a performance dos poetas Maviael Melo e Juracy Tavares e dos transformistas Ferah Sushine e Rainha Lou Lou. Todos arrebatados e inspirados pela fascinação que sempre causaram as aparições de Clementina.



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Biografia de Clementina de Jesus é lançada em Sorocaba

Jornal Cruzeiro do Sul - 22/02/2017

Biografia de Clementina de Jesus é lançada em Sorocaba - GOOGLE COMMONS

Dentro da programação de Carnaval da Prefeitura de Sorocaba, será lançada hoje, às 20h, uma biografia da cantora Clementina de Jesus, de autoria dos jornalistas Felipe Castro, Janaína Marquesini, Raquel Munhoz e Luana Costa, formados pela Universidade Metodista de São Paulo. O evento, que ocorre no clube 28 de Setembro (rua Machado de Assis, 112) com entrada gratuita, contará com show de Márcia Mah apresentando o repertório de Clementina. 
  
A biografia Quelé, a voz da cor percorre desde a infância pobre da artista em Valença, no interior do Rio de Janeiro, até o momento em que desponta para a carreira artística, já passados mais de 60 anos de vida. "Ela era neta de escravos, negra, empregada doméstica e lançada artisticamente aos 63 anos de idade. Mais do que isso, ela contrariava o padrão estético e até artístico que dominava sobre as cantoras brasileiras, a imensa maioria delas com canto suave, soprano, enquanto a Clementina tinha o canto contralto, voz rouca, forte, algo muito diferente, muito ancestral", conta Janaína. 
  
Com as pesquisas, os jornalistas descobriram que Clementina de Jesus cantava coisas que levava na memória, cantos que ela ouvia quando era garota. "Sabia de cor inúmeras cantigas de trabalho, curimas e lundus, cantos ancestrais que levava consigo", comenta Janaína. Os jornalistas também levantaram que, depois de famosa, Quelé cantou e gravou com alguns dos maiores artistas brasileiros: Cartola, Pixinguinha, Paulinho da Viola, Milton Nascimento, João Bosco, Clara Nunes e Martinho da Vila, entre tantos outros. "Isso tudo evidencia que a história de Clementina é riquíssima, ela enquanto mulher, negra, sambista, representa um Brasil profundo, um Brasil do povo que não é comumente representado nos veículos de comunicação." 
  
A descoberta 
  
"O momento de Clementina foi aquele, surpreendendo todo mundo, já uma pessoa com mais de 60 anos de idade, fazendo sucesso. Não conheço ninguém que tenha feito isso, mas o que gostaria mesmo é que Clementina tivesse sido descoberta há mais tempo". As palavras são do poeta Hermínio Bello de Carvalho, que lançou a cantora Clementina de Jesus, no espetáculo Rosa de ouro, em 1965. O produtor conta que, naquela época, encontrou Clementina cantando em uma taberna, em um momento de descontração. Até então, ela trabalhava como empregada doméstica de uma família no Rio de Janeiro. 
  
Guardiã e herdeira da cultura musical afro-brasileira, dona de uma voz potente, Clementina gravou 12 discos de sucesso nos tempos da bossa nova e o do iê-iê-iê. Esteve em programas de TV, rádios, fez show pelo País e fora dele. Na França, cantou no Festival de Cannes e, no Senegal, teve de voltar ao palco quatro vezes, muito aplaudida. O jornalista Sérgio Cabral, que testemunhou a cena, no Festival Internacional de Arte Negra, relembra que as pessoas queriam tocá-la. 
  
Filha da primeira geração de descendentes de africanos libertados da escravidão, Clementina desde pequena ouvia a mãe cantar saberes ancestrais da cultura banto enquanto lavava roupas. O pai, um grande violeiro e capoeirista, completava a formação musical da filha. 
  
Clementina, ou Quelé, apelido que ganhou na infância, cantou desde pequena, na igreja, em festas religiosas, onde chegou a treinar pastoras, na casa das tias do samba, já no Rio, e nos corsos que deram origem às escolas de samba. Foi portelense, antes de entrar na Mangueira para nunca mais sair, por causa do amor ao marido que lhe acompanhou por 30 anos. 
  
Este ano, 2017, a morte da cantora completa três décadas e em fevereiro, se viva, ela teria completado 116 anos. 
  
Todas essas histórias em mais detalhes sobre os bastidores do mundo do samba entre 1960 e 1987 são apresentadas no livro Quelé, a voz da cor - biografia de Clementina de Jesus. A pesquisa sobre a artista começou com um trabalho de conclusão de curso na faculdade e depois de muitas idas e vindas ao Rio -- um esforço de pesquisa que levou seis anos-- terminou em uma publicação de 363 páginas, incluindo vasta bibliografia e índice onomástico, pela editora Civilização Brasileira. 
  
"A turma que fez este trabalho não escreveu apenas uma biografia", diz, em um trecho da orelha do livro, o escritor e historiador Luiz Antonio Simas. "O que estas páginas apresentam é um relato fundamental para se contar a história da nossa música e dos saberes africanos redimensionados no Brasil", completa um dos principais estudiosos da cultura do samba. 
  
O acervo do jornalista e agora Secretário da Cultura de Sorocaba, Werinton Kermes (que inclusive tem um documentário sobre Clementina), foi uma das referências para o livro. "O lançamento do documentário do Werinton, marca, em nossa opinião, um processo de resgate da cultura popular por meio da memória de Clementina de Jesus em Sorocaba. Por conta disso, não poderíamos deixar de fazer um lançamento na cidade", reforça Janaína. 
  
Clementina de Jesus terminou a carreira aos 86 anos, depois das gravações de Cantos escravos, em 1982, junto com outros músicos. Apesar da fama, morreu pobre como tantos artistas negros importantes para à música brasileira, como Pinxiguinha e Heitor dos Prazeres. (Com informações da Agência de Notícias RMS e da Agência Brasil) 


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Quelé, a voz da cor: uma biografia de Clementina de Jesus

http://www.uai.com.br/app/noticia/artes-e-livros/2017/02/10/noticias-artes-e-livros,201609/quele-a-voz-da-cor-uma-biografia-de-clementina-de-jesus.shtml

por Ângela Faria





Clementina de Jesus frequentava as rodas da Portela e da Mangueira, mas só começou a carreira profissional com mais de 60 anos (foto: Carlos Piccino/Arquivo o cruzeiro/Em -29/9/69)


Iniciada como trabalho de conclusão de curso, pesquisa de quatro universitários reúne informações inéditas sobre uma das cantoras mais poderosas do Brasil

Foi ela quem despertou em João Bosco a africanidade, marca registrada da obra do cantor e compositor mineiro. Martinho da Vila é mestre do samba e do partido-alto graças a ela. Ao vê-la cantar no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro, o jovem Milton Nascimento pirou: "Era a África na minha frente".

Neta de escravos, ex-empregada doméstica, mulher do povo, Clementina de Jesus não foi apenas o elo do Brasil do século 20 com a África ancestral. A cantora sempre será a voz dos milhões de negros “desfeitos no fazimento do Brasil”, como tão bem definiu o antropólogo e escritor Darcy Ribeiro. Para ele, vinha daquela artista “a poderosa voz anunciadora do brasileiro que, amanhã, se assumirá como povo mulato, mais africano que lusitano”.

E não é que quatro jovens universitários ouviram o chamado da “voz anunciadora” profetizada pelo professor? Seria apenas um trabalho de conclusão do curso de comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, mas Clementina conquistou Felipe Castro, Janaína Marquesini, Luana Costa e Raquel Munhoz. Foi assim que a monografia virou livro – dos bons – assinado pelo quarteto. Quelé, a voz da cor – Biografia de Clementina de Jesus é mais do que oportuno. Chega no momento em que o Brasil questiona o próprio preconceito, escamoteado pelo mito da democracia racial.

DIAMANTINA Nascida em 1901 – data cravada pelos jovens biógrafos, que contestam a oficialização de 1902 como o ano em que Clementina veio ao mundo –, a neta de escravos que viviam em Minas Gerais era uma banto legítima. Amélia Laura e Paulo Baptista, pais dela, escaparam da escravidão devido à Lei do Ventre Livre. O casal se mudou para Valença, polo cafeeiro fluminense. Ela cuidava da casa, ele era pedreiro e carpinteiro. Clementina nasceu ali e aprendeu cantos de família – tesouros africanos.

Órfã de pai ainda pequena, mudou-se com a mãe para o Rio de Janeiro, onde lhe deram o apelido de Quelé. Clementina de Jesus se tornou cantora já sexagenária, descoberta pelo produtor cultural e compositor Hermínio Bello de Carvalho, em 1964, no bar carioca Taberna da Glória. Fez sucesso no Festival de Cannes (ganhou até flores de Sophia Loren), apresentou-se na África, onde foi ovacionada num estádio de futebol ao entoar suas curimas. No Brasil, era a estrela do show Rosa de ouro, resgate pós-bossa nova das tradições do samba. Era acompanhada pelo grupo Cinco Crioulos – Anescarzinho do Salgueiro, Elton Medeiros, Paulinho da Viola, Jair do Cavaquinho e Nelson Sargento. César Faria, pai de Paulinho, também se apresentava com ela – sabia como poucos acompanhar os tons daquela cantora ímpar, desacostumada com instrumentos de corda.

A partir da década de 1970, gravou com Milton Nascimento (em faixa censurada do disco Milagre dos peixes e no álbum Gerais), ganhou de Caetano Veloso Marinheiro só, e deslumbrou o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos. Como destacam os biógrafos, estava ali a muluduri, encarregada de transmitir e perpetuar cantos ancestrais de matriz africana. Mestra da oralidade e do improviso.
CORPO FECHADO Porém, elo com a mãe África é pouco para definir Clementina. Os biógrafos informam que ela participou de cortejos de pastorinhas, conviveu com os fundadores da Portela, frequentou jongos. Católica fervorosa, sabia cantos de candomblé. “Tem muita macumba bonita”, dizia a devota de Nossa Senhora da Conceição e de Nossa Senhora da Glória. Corpo fechado, trazia a cruz “cravada” na pele do peito. Quelé frequentou a lendária casa de Tia Ciata, berço do samba carioca, assim como a mítica Praça Onze. Era amiga de Heitor dos Prazeres e de Paulo da Portela.

Na Mangueira, conheceu o amor de sua vida: Albino Pé Grande, com quem dividiu o teto de 1940 a 1977. Ela e Clotilde, mulher de Carlos Cachaça, eram craques no partido-alto – na época, aquilo não era coisa de mulher.
Quando Hermínio Bello de Carvalho (uma espécie de “voz guia” desta biografia) a encontrou, tinha diante de si o que o maestro Francisco Mignone batizou de “fenômeno telúrico exclusivamente brasileiro”. E bota energia telúrica nisso. O compositor e pesquisador Elton Medeiros contou aos biógrafos que a poderosa reza de Quelé, com palavras estranhas, era capaz de curar suas fortes dores de cabeça. Paulinho da Viola revelou: ao ouvi-la cantar, pessoas entravam em transe durante os shows.

MÃE SOLTEIRA As jovens militantes negras empoderadas deste século 21 vão encontrar aqui uma guerreira. Mãe solteira aos 20 e poucos anos, a moradora de bairros pobres do subúrbio criou a primogênita Laís sem o pai. Deu duro como doméstica, teve outra filha, Olga, já casada com Albino. Quando ele ficou desempregado, segurou a barra. Aliás, sempre viveu com o dinheiro contadíssimo. Num dia, hospedada em hotel chique em Paris; no outro, dando duro para fechar as contas no Engenho Novo.

Quelé, a voz da cor... mostra que a grande artista não escapou da sina do brasileiro pobre: custou a ter telefone em casa, sustentou o marido doente por vários anos, bancou a filha Olga e os netos. A aposentadoria minguada se juntava a cachês cada vez mais raros no fim da vida. É triste acompanhar os últimos anos da Rainha Quelé. Octogenária, lutava para pôr feijão e remédio em casa em meio a sucessivos derrames e isquemias. Fazia shows, apesar de a cabeça falhar e de esquecer as letras.

Clementina recebeu muitos tributos. O jornalista Artur da Távola atacou a forma como oportunistas se apropriavam de sua imagem. “Clementina é importante por ser uma deusa do Brasil real. Para o Brasil oficial, ela é comemorada como raridade folclórica, espécie de mito que serve aos propósitos propagandísticos ou justificadores da aparente paz social. Mas, para o Brasil real, ela é a própria capacidade de sobreviver do povo”, escreveu ele em O Globo.

MUNICIPAL Em 1983, Darcy Ribeiro, secretário de Cultura do governo fluminense, comprou briga por causa de Quelé. Decidiu homenageá-la com um show no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, reunindo no palco Gilberto Gil, Nelson Cavaquinho, Beth Carvalho, João Nogueira, Paulinho da Viola, a ala das baianas e a bateria da Estação Primeira da Mangueira. Foi atacado, acusado de pôr sob risco o templo da música erudita, cuja acústica seria mais apropriada para espetáculos de dança, ópera e concerto.

Mineiro obstinado, Darcy venceu a parada. E contou, em sua autobiografia: “Ela, do palco, vestida como uma rainha, beliscava os braços e gritava: ‘É verdade, professor! Não estou sonhando!’”. E completou: “Frequentadores habituais do teatro se danaram, apoiados pela imprensa, contra a ousadia de levar uma cantora negra, pobre e favelada para cantar no seu reduto elitista. Esses idiotas se esbaldavam quando o teatro se abria para qualquer cantorzinho francês. Alienados.”

Em 1987, Clementina morreu no Rio de Janeiro, depois de sofrer o quinto derrame. Apenas 200 pessoas assinaram o livro de presença no velório, realizado no Teatro João Caetano. Entre os poucos famosos estavam Paulinho da Viola, Elymar Santos e Xangô da Mangueira. Porém, gente simples – transeuntes, cobradores e motoristas de ônibus – foi até lá lhe dar adeus. O enterro, no Cemitério São João Batista, reuniu menos gente ainda: 50 cidadãos.

Xangô da Mangueira revelou aos biógrafos um episódio que mostra bem a raça de Quelé. Enquanto andava na zona meretrícia paulistana, onde se hospedara, a dupla foi abordada por um policial. Durante a batida, a velha senhora começou a dançar. E avisou ao moço: “Sou Clementina de Jesus, meu filho. Meu documento está no pé”.





Leia entrevista com a autora Janaína Marquesini


A pesquisa sobre a vida de Clementina durou seis anos. O que foi mais difícil nesse projeto?
A principal dificuldade foi o abismo que havia entre o nascimento de Clementina e a estreia dela como cantora profissional: mais de 60 anos, sem uma única menção em jornais e revistas, que são normalmente o ponto de partida de um trabalho biográfico como esse. O que nos deu mais trabalho foi resgatar sua infância e associar ao que ela dizia em entrevistas. Variamos muito nosso trabalho, fomos atrás de depoimentos gravados no Museu da Imagem e do Som (MIS) e na Funarte. Fizemos entrevistas com pessoas que conviveram com ela nesse período, gente do samba e vizinhos. Também usamos uma bibliografia enorme para poder preencher o vácuo. Acho que conseguimos fazer isso com sucesso. Uma descoberta legal é que Clementina entoa canções de seus próprios ancestrais em O canto dos escravos. Outra coisa: embora não fosse compositora, mas intérprete, Clementina, podemos dizer, era, sim, compositora popular – isso foi algo em que nos aprofundamos. Por exemplo: contamos que ela era ativa no mundo do carnaval nos anos 1920, 1930, 1940, ora como diretora da escola Unidos do Riachuelo, ora participando de alguns momentos nos primeiros anos da Portela, ora se transformando em figura assídua da Mangueira. Encontramos pelo menos dois casos de músicas há muito tempo esquecidas que ela gravou, fazendo releituras de forma intuitiva, espontânea. Pegou canções que ouvia “de orelhada”, muitas décadas antes, e gravava de um jeito diferente, com letras algumas vezes diferentes também. A riqueza de patrimônio imaterial dela é um dos aspectos mais intrigantes de sua carreira.

O que você aprendeu com ela?
A imagem de Clementina traz de imediato um impacto estonteante, é a essência do nosso povo. Isso ensina muito. É como se ela nos colocasse diante da formação do brasileiro. O que mais me marca pessoalmente é o poder da resistência dessa cultura, que, por meio da oralidade, chegou até os dias de hoje, apesar de toda a repressão e violência vividas pelos negros em séculos de história do Brasil. Clementina foi exemplo vivo disso, com sua memória prodigiosa e sensibilidade para captar os ritmos e as coisas mais belas do nosso povo. Aos 63 anos, como magnífica obra do destino, ela teve a oportunidade de transbordar essa riqueza com seu canto. Todo esse conhecimento nos serviu de prova de que a África é a espinha dorsal da nossa cultura, como disse Naná Vasconcelos certa vez. A existência de Quelé foi uma dádiva a todos nós, brasileiros.

Como Clementina dialoga com o Brasil de hoje?
Tenho a sensação de que Clementina veio ao mundo para mostrar a todos nós a grande importância de nossas raízes, de nossa identidade e da formação cultural do nosso país, construído por mãos negras. Nosso livro dialoga com o Brasil do século 21 por esses motivos e tenho certeza de que esse diálogo nunca terá fim. Nunca é tarde para que o brasileiro, enfim, reconheça e valorize nossa cultura popular tão rica e intrínseca à nossa identidade como povo. Entender o passado e a nossa história é fundamental para entender o presente e desvendar o futuro. Seria fantástico se a moçada de hoje ganhasse essa consciência. Negros, mestiços, brancos, não importa. Quem é branco, por exemplo, mesmo não tendo hoje nenhuma culpa do nosso terrível passado escravagista, deve assumir a consciência de que nos beneficiamos desse passado de escravidão até hoje. Nada que façamos poderá reverter essa crueldade histórica. O que resta a todos nós é, pelo menos, cuidar da cultura herdada pelo povo que construiu e fez o Brasil.

Clementina morreu pobre, trabalhou até quase os 90 anos, já esquecendo as letras. Apesar de tanto enaltecerem a Rainha Quelé, havia pouquíssimas pessoas no enterro dela. Clementina foi esquecida por seu povo?
Sim. Tanto é que ela terminou a carreira se apresentando em churrascarias. Foi posta no ostracismo pela indústria cultural nos últimos cinco anos de carreira, no mínimo. Esquecida pelo povo eu não digo, pois o povo lhe deu o valor que merecia, inclusive indo ao velório e ao enterro dela, em 1987. Hermínio Bello de Carvalho, seu descobridor, disse o seguinte quando ela morreu: “Clementina de Jesus é um exemplo dessa ótica vesga e preconceituosa, que a tratava apenas como a preta velha alforriada pelos brancos bondosos que a encarceraram numa senzala menos desconfortável. Ela foi humilhada até o fim da vida por não se submeter às conveniências mercadológicas das gravadoras”. É isso. Ela não se submeteu ao jogo vil das gravadoras e da indústria cultural. Morreu pobre, longe dos estúdios.

O livro conta que os avós dela eram escravos em Minas. O estado faz parte de Clementina, não é?
Essa história é uma das mais marcantes do livro e nos ensina muito sobre o passado escravagista brasileiro. Quando falamos de Clementina de Jesus no disco O canto dos escravos, levantamos a hipótese de que ela teria gravado as cantigas de seus próprios ancestrais diretos. Isso porque o livro de Aires da Mata Machado Filho fala de um notável senhor de escravos chamado Felipe Mina, dono de mão de obra negra na região de Diamantina. De acordo com Clementina, sua avó paterna veio exatamente dali e se chamava Tereza Mina. Como os sobrenomes eram transmitidos do senhor aos escravos, Tereza pode ter sido escravizada na propriedade de Felipe. Além disso, temos indícios de uma grande população que migrou ao fim da era do garimpo, deixando aquela região de Minas para buscar trabalho nas lavouras de café no Sul fluminense, onde fica Valença, onde Clementina acabou nascendo. As informações todas batem. Ou seja: o que já seria por si só muito simbólico – uma das maiores representantes da cultura afro-brasileira interpretando cantos de escravos em um álbum – ficou ainda mais interessante com o novo elemento genealógico que levantamos. Essa é a importância de Minas para Clementina: ancestral.

Para comprovar isso, ela era ligada a Milton Nascimento...
Contamos os detalhes de um festival de que ela participou a convite de Milton Nascimento, em Três Pontas, em 1977, conhecido como “Woodstock mineiro”. Estavam lá Fafá de Belém, Chico Buarque e outros artistas, mas ela foi considerada o grande destaque do evento. Sem contar a própria relação de Clementina com Milton Nascimento, esse grande músico mineiro de quem sou completamente fã. Os dois se gostavam muito, Bituca chegou até a escrever o texto de encarte de um dos discos de Quelé, o Clementina de Jesus – convidado especial: Carlos Cachaça, lançado em 1976.



QUELÉ – A VOZ DA COR: BIOGRAFIA DE CLEMENTINA DE JESUS
De Felipe Castro, Janaína Marquesini, Luana Costa e Raquel Munhoz
Civilização Brasileira
384 páginas
R$ 49,90

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Mostra de cinema 'O Samba Pede Passagem' acontece na Caixa Cultural

https://catracalivre.com.br/rio/agenda/barato/mostra-de-cinema-o-samba-pede-passagem-acontece-na-caixa-cultural/


História do samba é contada através de 40 filmes

Filmes contam a história do samba


Dezembro é o mês do samba e já começa com a mostra de cinema "O Samba Pede Passagem" na Caixa Cultural. Entre os dias 1º e 13 de dezembro de 2015, o centro cultural exibe 40 filmes que contam a história do gênero musical. As sessões acontecem a partir das 16h e os ingressos custam R$4 com direito a meia-entrada.

Os capítulos da formação do samba são contados através de curtas, longas, documentários e ficção. Clássicos como “Alô, Alô, Carnaval” (1936), “Rio, zona norte” (1957) e “Couro de Gato” (1960) estão na programação. Além de documentários musicais mais recentes como "Paulinho da Viola – meu tempo é hoje" (2003), "Cartola, música para os olhos" (2006) e "Clementina de Jesus – Rainha Quelé" (2011).

A mostra busca entender o valor do samba na constituição da identidade do povo brasileiro. E, por isso, também conta com debates e oficinas. A programação completa encontra-se neste link.


04 DE DEZEMBRO (sexta)
Cinema 2
16h
Clementina de Jesus - Rainha Quelé (Direção Werinton Kermes, Roteiro: Míriam Cris Carlos; 2011) - 56 minutos

10 DE DEZEMBRO (quinta)
Cinema 2
18h15
Clementina de Jesus - Rainha Quelé (Werinton Kermes, 2011) - 56 minutos



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Portela: Cine Samba Candeia vai homenagear Clementina de Jesus

Redação SRZD

No próximo sábado, 19, na edição do Cine Samba Candeia, haverá exibição, na quadra da Portela, do filme "Clementina de Jesus - a rainha Quelé", documentário dirigido por Werinton Kermes, lançado em 2012 para homenagear a cantora com timbre de voz inconfundível que morreu em 1987, aos 86 anos. A iniciativa do departamento cultural da escola é resgatar para o público um pouco das origens portelenses de Clementina.

Após a exibição do filme, marcada para 18h, haverá canja musical reunindo as pastoras da Velha Guarda Show da Portela, a neta de Clementina, Vera de Jesus, e o músico e compositor Serginho Procópio, presidente da azul e branco. A quadra da Portela fica na Rua Clara Nunes, 81, em Madureira. A entrada é grátis.


http://www.sidneyrezende.com/noticia/254897+portela+cine+samba+candeia+vai+homenagear+clementina+de+jesus

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Portela: Cine Samba Candeia vai homenagear Clementina de Jesus

http://www.carnavalesco.com.br/noticia/portela-cine-samba-candeia-vai-homenagear-clementina-de-jesus/14075

16/09/2015



No próximo sábado, 19, na edição do Cine Samba Candeia, haverá exibição, na quadra da Portela, do filme “Clementina de Jesus – a rainha Quelé”, documentário dirigido por Werinton Kermes, lançado em 2012 para homenagear a cantora com timbre de voz inconfundível que morreu em 1987, aos 86 anos. A iniciativa do departamento cultural da escola é resgatar para o público um pouco das origens portelenses de Clementina.

Após a exibição do filme, marcada para 18h, haverá canja musical reunindo as pastoras da Velha Guarda Show da Portela, a neta de Clementina, Vera de Jesus, e o músico e compositor Serginho Procópio, presidente da azul e branco.

A quadra da Portela fica na Rua Clara Nunes, 81, em Madureira. A entrada é grátis.

sábado, 25 de julho de 2015

Luta e cultura da mulher negra são celebradas hoje

25/07/2015
Eventos na Zona Norte abrem espaço para debate sobre o temaKARINA MAIA


Rio - “Todos viemos de uma barriga negra”, diz uma das idealizadoras da Feira Crespa, na Pavuna, Elaine Rosa. Por isso, a data de hoje, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, é tão importante quanto a comemorada em 8 de março (Dia Internacional da Mulher). Mas ela não está sozinha nessa luta. Homens, como o produtor do Sarau da Lona, Thiago de Paula, também estão nessa. Tanto que, em ambos os eventos, que acontecem desta manhã até a noite, a cultura feminina negra é a grande estrela.

“A mulher ainda é vista como inferior, por conta da sociedade em que vivemos. Na população negra, a coisa se agrava três vezes mais”, diz Elaine, enquanto prepara os últimos retoques para a Feira Crespa abrir suas portas hoje, das 15h às 21h30, na Arena Jovelina Pérola Negra. Por lá, a programação gira em torno de tudo que enaltece a beleza afro. “A estética vai atrair a mulher para entender uma série de coisas que estão por trás disso”, acredita Elaine.

"O cabelo é muito importante para a mulher. O crespo é um resgate da nossa ancestralidade”, emenda ela, explicando a escolha do nome do evento. Na Lona Cultural Municipal Terra, em Guadalupe, no Sarau, as principais iscas para o público são as manifestações culturais. “Em tempos de intolerância, qualquer oportunidade de homenagear a mulher negra precisa ser abraçada”, acredita Thiago, listando as atrações de hoje: “Vai ter o pessoal do afoxé, exibição do filme ‘Clementina de Jesus: Rainha Quelé’, gastronomia rastafári, a Cia. Raiz Dança Afro-Brasileira...”

Mas, além de beleza e lazer, os dois eventos também têm hora para falar mais sério. No Sarau, por exemplo, a diretora de escola e professora de arte Julia Dutra contará sua trajetória como transexual negra. “Me sinto muito mais discriminada por ser negra do que por ser trans”, conta ela, que defende a educação como o melhor caminho para a causa. “Tem que começar da base, mostrar para as crianças o diferente, pois há várias possibilidades de seres humanos.